Texto 1
“Crônica tem esta vantagem: não obriga ao paletó-e-gravata do
editorialista, forçado a definir uma posição correta diante dos
grandes problemas; não exige de quem o faz o nervosismo
saltitante do repórter, responsável pela apuração do fato na hora
mesma em que ele acontece; dispensa a especialização suada
em economia, finanças, política nacional e internacional, esporte,
religião e o mais que imaginar se possa. Sei bem que existem o
cronista político, o esportivo, o religioso, o econômico etc., mas a
crônica de que estou falando é aquela que não precisa entender
de nada ao falar de tudo. Não se exige do cronista geral a
informação ou o comentário precisos que cobramos dos outros.
O que lhe pedimos é uma espécie de loucura mansa, que
desenvolva determinado ponto de vista não ortodoxo e não
trivial, e desperte em nós a inclinação para o jogo da fantasia, o
absurdo e a vadiação de espírito. Claro que ele deve ser um
cara confiável, ainda na divagação. Não se compreende, ou não
compreendo, cronista faccioso, que sirva a interesse pessoal, ou
de grupo, porque a crônica é território livre da imaginação,
empenhada em circular entre os acontecimentos do dia, sem
procurar influir neles. Fazer mais do que isto seria pretensão
descabida de sua parte. Ele sabe que seu prazo de atuação é
limitado: minutos no café da manhã ou à espera do coletivo”.
(Carlos Drummond de Andrade - "Ciao", in Shopping News - City
News)
Com base na compreensão e análise do texto 1, responda a questão.
No excerto do texto: “Crônica tem esta vantagem: não
obriga ao paletó-e-gravata do editorialista, forçado a definir
uma posição correta diante dos grandes problemas; não
exige de quem o faz o nervosismo saltitante do repórter,
responsável pela apuração do fato na hora mesma em que
ele acontece; dispensa a especialização suada em
economia, finanças, política nacional e internacional,
esporte, religião e o mais que imaginar se possa”., o uso do
ponto-e-vírgula se justifica para