Questões de concursos sobre "Interpretação de Textos" | Português - página 120

Confira abaixo as principais questões de concursos sobre Interpretação de Textos que cairam em provas de concursos públicos anteriores:

Q64149 - NUCEPE Professor - Língua Portuguesa 2018

O que é hipercorreção?


A hipercorreção é um fenômeno de linguagem muito comum entre pessoas que se deram conta da existência de "outro falar" muito mais prestigiado que o seu. Essas pessoas também desejam ser usuárias dessa forma prestigiada, do "falar mais correto". Para tal, esforçam-se em "corrigir" sua fala e acabam incorrendo no erro de corrigi-la demasiadamente. (...).

(BORTONE, M. E. e ALVES, S. B. O fenômeno da hipercorreção. In.Bortoni-Ricardo, S. M. et all. Orgs. São Paulo: Parábola editorial, 2014, p.130)


No texto acima, a função da linguagem que predomina é a função

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Q64152 - NUCEPE Professor - Língua Portuguesa 2018

Leia a tirinha, abaixo, para responder à questão.




O efeito de humor, na tirinha, é explorado pelo recurso semântico da:
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Q64154 - NUCEPE Professor - Língua Portuguesa 2018

TEXTO 03


      Trecho de entrevista concedida pela educadora Rosa Bertholini, diretora da Escola Teia de Aprendizagens, sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), à Revista ENSINO Fundamental – arte educa.


      Revista ENSINO Fundamental: Qual a importância de uma BNCC em um país tão cultural e economicamente diverso como o nosso?

      Rosa Bertholino: Penso que discutir os rumos da educação brasileira, dedicando especial atenção aos currículos escolares, sempre é necessário e se faz imprescindível especialmente nos novos debates sobre reformas da educação básica.

      Enxergar a BNCC como forma de dar ênfase à escola como lugar de socialização do conhecimento é função dessa instituição especialmente relevante para os estudantes das classes menos favorecidas, que têm nela uma oportunidade, algumas vezes a única, de acesso ao mundo letrado, do conhecimento científico, da reflexão filosófica e do contato com a Arte.

      Os currículos deveriam ser tratados na BNCC de modo contextualizado a partir de uma relação interdisciplinar, sem tamanha rigidez, e não como se fosse uma mera lista de objetivos, métodos e conteúdos, desprezando assim seu caráter político, sua condição de elemento que pressupõe um projeto de futuro para a sociedade que o produz.

      Só poderei enxergar a importância de um documento que guiará a educação de nosso país tão diverso e desigual em oportunidades se de fato esses currículos, habilidades e competências contribuam para o pensamento crítico das contradições sociais, políticas, econômicas e culturais presentes em nossa sociedade, e que tragam o pensamento filosófico, a criação artística, a expressão das mais de cem linguagens de nossos meninas e meninos inseridos nos contextos em que elas se constituem. Tenho também clareza de que a implementação da BNCC será inócua se não vier acompanhada de uma política educacional mais ampla, voltada para a formação e atuação dos profissionais da área, e da adoção de medidas concretas para a melhoria das condições da educação pública no país.

      (...) 

(Revista ENSINO Fundamental: Arte educa, Editora Escala, Edição 16, p. 9). 


"Só poderei enxergar a importância de um documento que guiará a educação de nosso país tão diverso e desigual em oportunidades se de fato esses currículos, habilidades e competências contribuam para o pensamento crítico das contradições sociais, políticas, econômicas e culturais presentes em nossa sociedade,...". 


Num registro mais próximo da escrita formal, o trecho "...se de fato esses currículos, habilidades e competências contribuam para o pensamento crítico das contradições sociais, ...", a forma verbal "contribuam" só NÃO poderá ser reescrita sob a forma da seguinte: 

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Q64155 - NUCEPE Professor - Língua Portuguesa 2018

TEXTO 03


      Trecho de entrevista concedida pela educadora Rosa Bertholini, diretora da Escola Teia de Aprendizagens, sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), à Revista ENSINO Fundamental – arte educa.


      Revista ENSINO Fundamental: Qual a importância de uma BNCC em um país tão cultural e economicamente diverso como o nosso?

      Rosa Bertholino: Penso que discutir os rumos da educação brasileira, dedicando especial atenção aos currículos escolares, sempre é necessário e se faz imprescindível especialmente nos novos debates sobre reformas da educação básica.

      Enxergar a BNCC como forma de dar ênfase à escola como lugar de socialização do conhecimento é função dessa instituição especialmente relevante para os estudantes das classes menos favorecidas, que têm nela uma oportunidade, algumas vezes a única, de acesso ao mundo letrado, do conhecimento científico, da reflexão filosófica e do contato com a Arte.

      Os currículos deveriam ser tratados na BNCC de modo contextualizado a partir de uma relação interdisciplinar, sem tamanha rigidez, e não como se fosse uma mera lista de objetivos, métodos e conteúdos, desprezando assim seu caráter político, sua condição de elemento que pressupõe um projeto de futuro para a sociedade que o produz.

      Só poderei enxergar a importância de um documento que guiará a educação de nosso país tão diverso e desigual em oportunidades se de fato esses currículos, habilidades e competências contribuam para o pensamento crítico das contradições sociais, políticas, econômicas e culturais presentes em nossa sociedade, e que tragam o pensamento filosófico, a criação artística, a expressão das mais de cem linguagens de nossos meninas e meninos inseridos nos contextos em que elas se constituem. Tenho também clareza de que a implementação da BNCC será inócua se não vier acompanhada de uma política educacional mais ampla, voltada para a formação e atuação dos profissionais da área, e da adoção de medidas concretas para a melhoria das condições da educação pública no país.

      (...) 

(Revista ENSINO Fundamental: Arte educa, Editora Escala, Edição 16, p. 9). 


"Só poderei enxergar a importância de um documento que guiará a educação de nosso país tão diverso e desigual em oportunidades se de fato esses currículos, habilidades e competências contribuam para o pensamento crítico das contradições sociais, políticas, econômicas e culturais presentes em nossa sociedade,...". 


Nesse excerto, a palavra "" confere ao contexto um sentido de:

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Q64159 - NUCEPE Professor - Língua Portuguesa 2018

TEXTO 02


      Nos últimos 50 anos e em especial a partir da década de 1980, professores de português e pesquisadores da língua têm feito a crítica do ensino tradicional de português (...). Houve e continua havendo esforços para construir alternativas a esse ensino. Não obstante, o quadro pedagógico tem mudado pouco. Talvez porque ainda não tenhamos conseguido fazer e disseminar, com todas as letras, a crítica radical ao normativismo e à gramatiquice.

      E essa não é uma tarefa fácil, porque o normativismo e a gramatiquice não são apenas concepções e atitudes ligadas à língua e seu ensino. Pelo seu caráter conservador, impositivo e excludente, o normativo e a gramatiquice são parte intrínseca de todo um conjunto de conceitos, atitudes e valores fundamentalmente autoritários, muito adequados ao funcionamento de uma sociedade profundamente marcada pela divisão social.

      O ensino de português, nesse sentido, não está separado da sociedade que o justifica e o sustenta. Desse modo, criticá-lo é também criticar essa mesma sociedade: agir para mudá-lo é também agir para transformar a sociedade.

      De saída, temos de ter sempre claro que a questão da língua é, fundamentalmente, uma questão política e como tal deve ser tratada.

      (...) 

(FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola editorial, 2008, p. 158) 


Assinale a opção cujo(a) termo/expressão/palavra em destaque NÃO tem como uma das suas funções garantir a coesão e a sequenciação do texto.
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Q64161 - NUCEPE Professor - Língua Portuguesa 2018

TEXTO 02


      Nos últimos 50 anos e em especial a partir da década de 1980, professores de português e pesquisadores da língua têm feito a crítica do ensino tradicional de português (...). Houve e continua havendo esforços para construir alternativas a esse ensino. Não obstante, o quadro pedagógico tem mudado pouco. Talvez porque ainda não tenhamos conseguido fazer e disseminar, com todas as letras, a crítica radical ao normativismo e à gramatiquice.

      E essa não é uma tarefa fácil, porque o normativismo e a gramatiquice não são apenas concepções e atitudes ligadas à língua e seu ensino. Pelo seu caráter conservador, impositivo e excludente, o normativo e a gramatiquice são parte intrínseca de todo um conjunto de conceitos, atitudes e valores fundamentalmente autoritários, muito adequados ao funcionamento de uma sociedade profundamente marcada pela divisão social.

      O ensino de português, nesse sentido, não está separado da sociedade que o justifica e o sustenta. Desse modo, criticá-lo é também criticar essa mesma sociedade: agir para mudá-lo é também agir para transformar a sociedade.

      De saída, temos de ter sempre claro que a questão da língua é, fundamentalmente, uma questão política e como tal deve ser tratada.

      (...) 

(FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola editorial, 2008, p. 158) 


A palavra "gramatiquice", no texto, 
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Q64162 - NUCEPE Professor - Língua Portuguesa 2018

TEXTO 02


      Nos últimos 50 anos e em especial a partir da década de 1980, professores de português e pesquisadores da língua têm feito a crítica do ensino tradicional de português (...). Houve e continua havendo esforços para construir alternativas a esse ensino. Não obstante, o quadro pedagógico tem mudado pouco. Talvez porque ainda não tenhamos conseguido fazer e disseminar, com todas as letras, a crítica radical ao normativismo e à gramatiquice.

      E essa não é uma tarefa fácil, porque o normativismo e a gramatiquice não são apenas concepções e atitudes ligadas à língua e seu ensino. Pelo seu caráter conservador, impositivo e excludente, o normativo e a gramatiquice são parte intrínseca de todo um conjunto de conceitos, atitudes e valores fundamentalmente autoritários, muito adequados ao funcionamento de uma sociedade profundamente marcada pela divisão social.

      O ensino de português, nesse sentido, não está separado da sociedade que o justifica e o sustenta. Desse modo, criticá-lo é também criticar essa mesma sociedade: agir para mudá-lo é também agir para transformar a sociedade.

      De saída, temos de ter sempre claro que a questão da língua é, fundamentalmente, uma questão política e como tal deve ser tratada.

      (...) 

(FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola editorial, 2008, p. 158) 


Quanto à posição do autor sobre o tema em debate, no texto, o ensino de língua e as práticas pedagógicas, nesse sentido, 
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Q64163 - FUMARC Assistente social 2018

Leia atentamente a tirinha de Mafalda, personagem de Quino que, há mais de 50
anos, traz à tona questões que estão na pauta das discussões em nossa sociedade.
Nesta, em especial, o tema é afim ao tratado nos dois textos lidos. 


Sobre ela, são feitas afirmações, a seguir, referentes tanto ao conteúdo quanto à forma do texto verbal. Assinale a afirmativa INCORRETA:
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Q64164 - FUMARC Analista de Gestão - Contabilidade 2018

Texto I

Do moderno ao pós-moderno

Frei Betto / 14/05/2017 - 06h00

    A morte da modernidade merece missa de sétimo dia? Os pais da modernidade nos deixaram de herança a confiança nas possibilidades da razão. E nos ensinaram a situar o homem no centro do pensamento e a acreditar que a razão, sem dogmas e donos, construiria uma sociedade livre e justa.
    Pouco afeitos ao delírio e à poesia, não prestamos atenção à crítica romântica da modernidade – Byron, Rimbaud, Burckhardt, Nietzsche e Jarry. Agora, olhamos em volta e o que vemos? As ruínas do Muro de Berlim, a Estátua da Liberdade tendo o mesmo efeito no planeta que o Cristo do Corcovado na vida cristã dos cariocas, o desencanto com a política, o ceticismo frente aos valores.
    Somos invadidos pela incerteza, a consciência fragmentária, o sincretismo do olhar, a disseminação, a ruptura e a dispersão. O evento soa mais importante que a história e o detalhe sobrepuja a fundamentação.
   O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e causanos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.
    Agora predominam o efêmero, o individual, o subjetivo e o estético. Que análise de realidade previu a volta da Rússia à sociedade de classes? Resta-nos captar fragmentos do real (e aceitar que o saber é uma construção coletiva). Nosso processo de conhecimento se caracteriza pela indeterminação, descontinuidade e pluralismo.
   A desconfiança da razão nos impele ao esotérico, ao espiritualismo de consumo imediato, ao hedonismo consumista, em progressiva mimetização generalizada de hábitos e costumes. Estamos em pleno naufrágio ou, como predisse Heidegger, caminhando por veredas perdidas.
    Sem o resgate da ética, da cidadania e das esperanças libertárias, e do Estado-síndico dos interesses da maioria, não haverá justiça, exceto aquela que o mais forte faz com as próprias mãos.
    Ingressamos na era da globalização. Graças às redes de computadores, um rapaz de São Paulo pode namorar uma chinesa de Beijing sem que nenhum dos dois saia de casa. Bilhões de dólares são eletronicamente transferidos de um país a outro no jogo da especulação, derivativo de ricos. Caem as fronteiras culturais e econômicas, afrouxam-se as políticas e morais. Prevalece o padrão do mais forte.
    A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização.

(Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/domoderno-ao-p%C3%B3s-moderno-1.464377. Acesso 05 jan. 2018)


Texto II


Razões da pós-modernidade


Carlos Alberto Sanches, professor, perito e consultor em Redação – [31/03/2014 - 21h06]


    Foi nos anos 60 que surgiu o que se chama de “pós-modernidade”, na abalizada opinião de Frederic Jameson, como “uma lógica cultural” do capitalismo tardio, filho bastardo do liberalismo dos séculos 18 e 19. O tema é controverso,  pois está associado a uma discussão sobre sua emergência funesta no pósguerra. É que ocorre nesse período um profundo desencanto no homem contemporâneo, especialmente no que toca à diluição e abalo de seus valores axiológicos, como verdade, razão, legitimidade, universalidade, sujeito e progresso etc. Os sonhos se esvaneceram, juntamente com os valores e alicerces da vida: a “estética”, a “ética” e a “ciência”, e as repercussões que isso provocou na produção cultural: literatura, arte, filosofia, arquitetura, economia, moral etc.

    Há, sem dúvida, uma crise cultural que desemboca, talvez, em uma crise de modernidade. Ou a constatação de que, rompida a modernidade, destroçada por guerras devastadoras, produto da “gaia ciência” libertadora, leva a outra ruptura: morreu a pós-modernidade e deixou órfã a cultura contemporânea?

    Seria o caso de se falar em posteridade na pós-modernidade? Max Weber, já no início do século 19, menciona a chegada da modernidade trocada pela “racionalização intelectualista”, que produz o “desencanto do mundo”. Habermas o reinterpreta, dizendo que a civilização se desagrega, especialmente no que toca aos conceitos da verdade, da coerência das leis, da autenticidade do belo, ou seja, como questões de conhecimento...

    Jean Francois Lyotard, em seu livro A condição pós-moderna, de 1979, enfoca a legitimação do conhecimento na cultura contemporânea. Para ele, “o pósmoderno enquanto condição de cultura, nesta era pós-industrial, é marcado pela incredulidade face ao metadiscurso filosófico – metafísico, com suas pretensões atemporais e universalizantes”. É como se disséssemos, fazendo coro, mais tarde, com John Lennon, que “o sonho acabou” (ego trip). A razão, como ponto nevrálgico da cultura moderna, não leva a nada, a não ser à certeza de que o racionalismo iluminista, que vai entronizar a ciência como uma mola propulsora para a criação de uma sociedade justa, valorizadora do indivíduo, vai apenas produzir o desencanto, via progresso e com as suas descobertas, cantadas em prosa e verso, que nos deixaram um legado brutal: as grandes tragédias do século 20: guerras atrozes, a bomba atômica, crise ecológica, a corrida armamentista...

    A frustração é enorme, porque o iluminismo afirmara que somente as luzes da razão poderiam colocar o homem como gerador de sua história. Mas tudo não passou de um sonho, um sonho de verão (parodiando Shakespeare). Habermas coloca nessa época, o século 18, o gatilho que vai acionar essa desilusão da pós-modernidade. A ciência prometia dar segurança ao homem e lhe deu mais desgraças. Entendamos aqui também a racionalidade (o primado da razão cartesiana) como cúmplice dessa falcatrua da modernidade e, portanto, da atual pós-modernidade.

    O mesmo filósofo fala em “desastre da modernidade”, um tipo de doença que produziu uma patologia social chamada de “império da ciência”, despótico e tirânico, que “digere” as esferas estético-expressivas e as religiosas-morais. Harvey põe o dedo na ferida ao dizer que o projeto do Iluminismo já era, na origem, uma “patranha”, na medida em que disparava um discurso redentor para o homem com as luzes da razão, em troca da lenta e gradual perda de sua liberdade.

    A partir dos anos 50 e, ocorrido agora o definitivo desencanto com a ciência e suas tragédias (algumas delas), pode-se falar em um processo de sua desaceleração. O nosso futuro virou uma incerteza. A razão, além de não nos responder às grandes questões que prometeu responder, engendra novas e terríveis perguntas, que chegam até hoje, vagando sobre a incerteza de nossos precários destinos. Eu falaria, metaforicamente, do homem moderno acorrentado (o Prometeu) ao consumo desenfreado de coisas (res) para compensar suas frustrações e angústias. A vida se tornou absurda e difícil de ser vivida, face a esse “mal-estar” do homem ocidental. Daí surgem as grandes doenças psicossociais de hoje: a frustração, o relativismo e o niilismo, cujas sementes já estavam no bojo do Iluminismo, a face sinistra de sua moeda. Não há mais nenhuma certeza, porque a razão não foi capaz de dar ao homem alguns dos mais gratos dos bens: sua segurança e bem-estar. Não há mais certezas, apenas a percepção de que é preciso repensar criticamente a ciência, que nunca nos ofereceu um caminho para a felicidade, o que provoca um forte movimento de busca de liberdade. O mundo está sem ordem e valores, como disse Dostoievski: “Se Deus não existe, tudo é permitido”.

    A incerteza do mundo moderno e a impossibilidade de organizar nossas vidas levam Giddens a dizer que “não há nada de misterioso no surgimento dos fundamentalismos, a radicalização para as angústias do homem”. Restou-nos o refúgio nos grandes espetáculos, como os do Coliseu antigo: o pão e o circo, para preencher o vazio da vida.

    Na sua esteira de satanização social, o capitalismo engendra, então, a sociedade de consumo, para levar o cidadão ao ópio do consumo (esquecer-se das desilusões) nas “estações orbitais” dos shoppings, ou templos das compras, onde os bens nos consomem e a produção, sempre crescente, implica a criação em massa (ou em série) de novos consumidores. Temos uma parafernália de bens, mas são em sua maioria coisas inúteis, que a razão / ciência nos deu; mas, em troca, sofremos dos males do século, entre eles a elisão de nossa individualidade. Foi uma troca desvantajosa. É o que Campbell chama do sonho que gera o “signomercadoria”, que nos remete ao antigo sonho do Romantismo, da realização dos ideais.

    Trocamos o orgasmo reprodutor instintivo pelo prazer lúdico-frenético de consumir, sem saber que somos consumidos. Gememos de prazer ao comprar, mas choramos de dor face à nossa solidão, cercados pela panaceia da ciência e da razão, que nos entope de placebos, mas não de remédios para a cura dos males dessa longínqua luz racional, que se acende lá no Iluminismo e que vem, sob outras formas, até hoje. A televisão nos anestesia com a estética da imagem. Para Baudrillard, ela é o nosso mundo, como o mundo saído da tela do grande filme O Vidiota (o alienado no mundo virtual da tevê), cujo magistral intérprete foi Peter Sellers.

    Enquanto nos deleitamos com essa vida esquizofrênica e lúdica, deixamos no caixa do capitalismo tardio (iluminista / racional) o nosso mais precioso bem: a individualidade. Só nos sobrou a estética, segundo Jameson, ou a “colonização pela estética” que afeta diferentes aspectos da cultura, como a estética, a ética, a teórica, além da moral política.

    A pós-modernidade talvez seja uma reação a esse quadro desolador. Bauman fala em pós-modernidade como a forma atual da modernidade longínqua. Já Giddens fala em modernidade tardia ou “modernidade radicalizada”: a cultura atual. Por certo que a atual discussão sobre o pós-moderno implica um processo de revisão e questionamento desse estado de coisas, em que o homem não passa de um res nulius, como as matronas romanas.

    A cultura moderna, ou pós-modernista, não tem uma razão para produzir sua autocrítica, mas muitas razões, devido à sua prolongada irracionalidade do “modo de vida global”, segundo Jameson. O que se pode dizer é que não há uma razão, mas muitas razões para reordenar criticamente os descaminhos da pós-modernidade, sem esquecermos que a irracionalidade continua nos rondando.


http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/razoes-da-pos-modernidade8bs4bc7sv5e06z8trfk0pv80e. Acesso em 21/01/18. 


Discutindo uma mesma temática, há, como semelhanças entre os textos I (escrito por um teólogo) e II (escrito por um professor), os seguintes aspectos, EXCETO:
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Q64165 - FUMARC Analista de Gestão - Contabilidade 2018

Atente para o fragmento abaixo, a fim de responder a questão abaixo:


“O pós-moderno aparece na moda, na estética, no estilo de vida. É a cultura de evasão da realidade. De fato, não estamos satisfeitos com a inflação, com a nossa filha gastando mais em pílulas de emagrecimento que em livros, e causa-nos profunda decepção saber que, neste país, a impunidade é mais forte que a lei. Ainda assim, temos esperança de mudá-lo. Recuamos do social ao privado e, rasgadas as antigas bandeiras, nossos ideais transformam-se em gravatas estampadas. Já não há utopias de um futuro diferente. Hoje, é considerado politicamente incorreto propagar a tese de conquista de uma sociedade onde todos tenham iguais direitos e oportunidades.


I – O vocábulo “bandeiras”, plurissignificativo, aqui é utilizado referencialmente e substitui, metonimicamente, o sentido de “ideais”, “frentes ou propostas de luta”. II – A expressão “transformam-se em gravatas estampadas” assume valor pejorativo, em contraposição ao elemento que o antecedeu na argumentação. III – O autor endossa e defende a tese dos politicamente incorretos, que apregoam a busca de uma sociedade equilibrada.
Estão INCORRETAS as assertivas:
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